domingo, 20 de setembro de 2009

acj por sylvia telles

reparem na orquestra a partir de 2:00
arranjos e orquestração de antonio carlos jobim


quarta-feira, 29 de julho de 2009

soneto à memória de catatau

tal os tipos típicos do poder
fizeste quase nada para obter
o respaldo próprio à elegância
mesmo cachorro! extravagância!

eras o verdadeiro proprietário
daqueles jardins de burle marx
e no campus, feito latifundiário
cor legaste ao vento dos parques

tua cabeça e tua pelagem tricolor
não verão mais cafuné nem o calor
de rolar na relva com o nandinho

a sete palmos entoas o canto
da multidão que sem espanto
viu o cachorro além do focinho

Morte de cão emociona alunos e funcionários da UFSC

um siso, duas vidas

'para longe de mim co'essa broca!'
grita o banguela banhado em sangue
'temo pelo meu maxilar e a bolota
na cara, depois de seco esse mangue'

mas a ciência implacável do doutor
ignora nadalém doutro grito de dor
entra zelosa nas entranhas da gengiva
até tornar vermelha a incolor saliva

a calma agora atende por anestesia
no cosmos que é a boca do humano
cuja carne rósea, exposta em demasia
se entrega cega ao aço inox do tirano

enfim, terminada a pestilenta serenata
tiradentes, paciente, cada qual, um nada

sábado, 4 de julho de 2009

soneto ao segundo SAAB

eis que chega, finalmente, na cidade azul
o segundo sarau bélico, sem chumbo, nu
arcabouço desejado para que todos gritem
ou apenas brindem, amem ou se pintem

venham todos sujar a cara, brincar de funda
ao invés de arma, mas, e se pegar na bunda?
não há problema, pois podes ir na fé
que a guerra vai ser contra o que não dá pé

então, querido amigo, aí, solitário no cais
traz a tua guitarra com o adesivo da Mormaii
cante com a gente ao infante som da rebeldia

chega junto lá na Andrade e mostra o artifício
que usa para ludibriar e embelezar o teu vício
de ser esse novo homem a nascer da gritaria



P.S.: não esqueçam, o II Sarau da Andrade Artigos Bélicos acontecerá no sábado que vem (11/07), em Tubarão, na casa do Lucas (esquina da januário alves garcia com pio XII, 110, centro, margem esquerda - MAPA: http://tinyurl.com/ocollu). não se acanhe, traga sua banda, canção, poema, vídeo, número de dança, de mágica, o que quiser. e se não tiver nada em mãos, pode vir só pra olhar também. everyone's welcome!

sábado, 27 de junho de 2009

jacko's sonnet

well, last night i had a dream
i heard the loudest scream
that came from your mouth
and saw a rocking body's south

there were you and me, together
on the boogie floor, whether
we enjoyed ourselves or not
anyway we were kind of hot

we found gals hanging out there
two little ones that were so fair
we didn't fear their passin' fancy

hey, that's pretty exciting now
to figure out that you, somehow
really made me feel like dancing

segunda-feira, 25 de maio de 2009

direi nunca mais ao lamento

direi nunca mais ao lamento
pois bem já estava na hora!
farei de mim um só intento
de burlar-me sem demora

porém no que implicaria isto
reflete esse meu leitor arisco
não sei dizer, meu pobre diabo
mesmo sendo ainda eu o coitado

não à velha verborragia sôfrega!
caia em mim, esperança trôpega
todavia ainda a doce esperança

mesmo eu sendo uno no marasmo
na ação implacável do pleonasmo
de querer voltar a ser criança

mixing wines

i don't feel really okay
when your eyes find mine
just for shaking my way
of drinking my own wine

although i don't care about
where it's driving me to
all i gotta do is find out
why it comes only before you

i think i'll leave it all away
then i'm gonna start to pray
for the feeling coming instead

so don't stop flirting with me
perhaps what is going to be
is my wine through your head

sexta-feira, 8 de maio de 2009

separacinha

eu disse não querer mais
sem vontade, por impulso
de lágrimas correm os sais
dos corações agora avulsos

não entendeste de um sopro
e quem me dera, pude pensar
essa tormenta fosse o escopo
de ares novos a se avizinhar

pois então paremos de engrupir
essa réstia de razão a escapulir
do corpo ainda são, quiçá humano

teremos duas semanas, um mês
talvez pra sempre, nunca, talvez
mas no amor quero ser veterano

terça-feira, 5 de maio de 2009

da inércia

são os expedientes da preguiça
ao confundirem minha vontade
que injuriam o cabo que me iça
e me lançam na cova da saudade

não toco em temer a penitência
ao pecado outrora alardeado
falo sim do peso ensimesmado
de minha profunda incoerência

quis tudo o que há no mundo
e quis tudo ao mesmo tempo
que hoje não mais desbundo
sequer meus dias, e lamento

já que 'inda estarei aqui sentado
quando o eclipse atingir seu fado

segunda-feira, 27 de abril de 2009

tardes perigosas

caminhamos no passeio
ao que ouço tagarelares
sou teu amante com asseio
e contigo entro nos bares

não me canso de te ouvir
na balbúrdia desse salão
e se já estás n'ora de ir
seguro firme a tua mão

o que dizes não me apetece
enfadonho, mas me aquece
teu timbre são, vezes rouco

saímos rindo e passo a crer
com pés sobre o petit-pavé
que terás-me, qual um louco

domingo, 26 de abril de 2009

try thinking with my heart, step one

need to write a poem quickly and furiously
certainly i can't
someone's waiting for me near here
and i can't be late.

stop barking you fucking poodle!
let me think
or at least
live.

so... bite me, please.

fui contigo em alerta

fui contigo em alerta
até onde eu não podia
fui janela mais que aberta
no lar que então se erguia

esse meu primeiro lar
que há pouco eu escrevia
ainda aspirava ao ar
da certeza tão esguia

sonhos são mentira?
tal certeza os trairia
e deixaria-me no limbo

restou-me pois a lira
oxalá ela me tira
a marca desse carimbo

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

do futuro

Estive pensando sobre um lugar para morar. E deve haver mato lá, onde eu vou plantar mil gotas de amor.

Amar.

Um dia estarei lá.

Lar.


(Ainda não. Sou moço e tenho muito o que viver.)

mais estranhos que o paraíso

"Não vou te levar comigo"
"Por quê?"
"Não vou levá-lo"
"Que pensas?"
"Não é assim tão fácil".

Fez alguma cara de (dar) pena.
Pena em mim, e acabei levando-o.
Lá, queríamos comer.
Vimos que não tínhamos dinheiro.
Fugi, deixei-o ao léu.
Voltei arrependido.
Trouxe-o comigo.
Me olhou sério.
Sumi de novo.

Agora pra sempre.
a internet não tem todas as respostas para a minha vida.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

vendaval

diante dessas folhas que esvoaçam ao vento
dos caules milhas à paz que lhes diz respeito
carrego a dúvida que arrebata num estalo
aquele que vê uma planta estraçalhar-se

da garagem o frio existe
o teto úmido existe
medo existe
qual nada!

ainda que imagem nefasta
em seu mais fiel desdobramento
vejo a representação mais bela
do que comporta o prazer pleno

aos demônios o que está para ser!
tenho essa garoa feroz na ponta do meu nariz
um assovio estridente no meu ouvido
a violência que não humana me cala

*

contemplo e sorrio selvagem
aquilo que já se afigura caos
e perdido na vastidão da palavra
sinto o meu co-ra-ção palpitar

falta d'ar

coração
és boa rima demais pra ser dor

boa demais pra ser não.